Para decidir escrever sobre isto, não colhi informações imaginando que um dia faria uma matéria. As coisas foram acontecendo e quando me dei conta, já tinha passado por quatro hospitais diferentes. Por isso a intenção não foi à caráter investigativo, colhendo provas e pessoas que comprovassem meus relatos. Quando percebi já tinha presenciado fatos suficientes para redigir sobre o que certamente muitos brasileiros passam diariamente nesses lugares.
Minha percepção começou em Junho de 2012 quando de férias no Espírito Santo fui surpreendido por um mal estar de minha sobrinha afilhada de apenas sete meses de idade. Conduzido pelos meus tios a um dos hospitais particulares mais conceituados do estado, ao chegar, estranhei um fila imensa de espera. Era um começo de tarde no sábado e a emergência estava cheia. Por isso a triagem era fundamental para detectar casos prioritários. O problema foi exatamente este. Mais de duas horas para sair de uma fila de pré-diagnóstico e aguardar o atendimento médico. Resumo: cinco horas dentro do hospital.
Chegando ao Rio de Janeiro nada mudou. Foram mais três hospitais particulares no estado e a mesma decepção. Um deles talvez seja o mais procurado de Jacarepaguá, zona oeste da cidade, e certamente o que acumula mais defeitos. Recepcionistas mal educados, triagem demorada, médicos ignorantes um ambiente inacreditável. Cansado de ir a este hospital e ficar uma média de quatro horas e meia entre triagem e liberação médica, por orientação da minha esposa fomos para um outro conceituado hospital, desta vez na zona norte da cidade, no bairro do Méier. Me perguntei meia hora depois de ter chegado porque saí do meu bairro já que encontrei "padrões" de atendimento tão parecidos. Minha esposa parecia não acreditar no que via, e eu, passando mal, só imaginava quando sairia daquele lugar. Foram quase duas horas para mais uma triagem até que descobriram que eu me encontrava no grupo dos tratamentos emergenciais, ou seja, segunda prioridade, atrás apenas dos casos chamados urgentes. Neste hospital foram cinco horas e meia até a liberação tendo tomando apenas uma injeção na veia e um remédio via oral.
Novamente em Jacarepaguá fui a uma das redes mais sofisticadas do estado e nem precisei literalmente de atendimento para localizar uma outra falha. Mais de meia hora entre a recepcionista pegar o meu cartão de convênio e me devolver dizendo que ali eu não poderia ser atendido.
O que mais me impressionou vivenciando estas situações foi o descaso, a sensação de que estava pedindo socorro e não pagando por ele. Fossem crianças, mulheres ou casos emergenciais, a reação da maioria dos profissionais foi a mesma: desinteresse na pessoa humana. O que gostaria neste texto é que novas denúncias fossem feitas e que mais jornalistas pudessem mostrar isto de forma que as coisas pudessem ser melhores daqui pra frente. Afinal de contas, quem cuida do nosso bem mais valioso precisa agir com imensa responsabilidade, e não apenas como mais uma obrigação.
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Fonte: http://hruy.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html |
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