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quarta-feira, 6 de março de 2013

Duas lágrimas distintas. O Adeus a Chorão e Chávez.



Fonte: http://feraaa0001.blogspot.com.br
    Foram duas perdas de grandes proporções. E embora oriundas de segmentos diferentes da sociedade, registram um momento marcante na história. Seja ela discursada ou cantada.
    Enquanto no início dos anos noventa um militar iniciava uma tentativa mal sucedida de um golpe de estado no vizinho país venezuelano, o Brasil caminhava sua pós ditadura dando mais poder de opinião a arte musical. A repressão que nas últimas décadas era evidente dessa vez dava espaço a um som mais despreocupado com o teor das mensagens. 
    Com o tempo, um tal de Hugo Chávez começa a aparecer na mídia internacional. Dotado de um carisma pouco visto e ideias revolucionárias, ele iniciava uma alienação direta ao povo venezuelano com promessas de direitos justos e iguais; um novo socialismo. Nas terras brasileiras pouco se falava sobre o postulante a ditador. Diferentes dos de lá , os adolescentes daqui estavam vislumbrados com novas modalidades de som, e uma banda com nome de desenho animado já se inseria com força nesse contexto. O Charlie Brown Jr. contagiava pela linguagem solta e muitas vezes desbocada, mas principalmente por uma levada musical que era a cara do jovem noventista: livre.
Fonte: http://www.sajnoticias.com.br
    Acima do mapa brasileiro, a política começava a virar negócio e teatro. Chávez usava a própria constituição para dar seu golpe de estado e atraía o público cada vez mais dizendo que ele era a solução e os Estados Unidos, a terra de Satã. Já Chorão não tinha receio de cantar aos sete ventos: “Hoje eu acordei para matar o presidente” contanto que sua letra fosse do jeito que bem entendesse. Já em Caracas, o então governante venezuelano instaurava um regime preparado e articulado para que seu domínio fosse eterno. Charlie Brown por sua vez crescia junto com seus fãs e fabricavam novos admiradores a cada dia, sem pedir, simplesmente por ser Charlie Brown.
    A revolta contra Chávez alcançava fronteiras internacionais, causando tremores diplomáticos e até mesmo discussões verbais em assembleias da ONU. No universo do vocalista da banda santista as brigas eram braçais mesmo, em pleno aeroporto e envolvendo uma outra grande banda da geração noventa: Los Hermanos. E como no governo venezuelano, sua função era liderar custe o que custar e doa a quem doer. Champion, seu baixista e grande “amigo” sentiu na pele essa tese.
    E quando em um intervalo de menos de 24 horas são noticiadas as  mortes deste dois curiosos integrantes da história recente de seus segmentos (político e musical), é possível perceber que suas ideias ainda serão muito disseminadas por seus seguidores. Uma Venezuela endividada, refém de importações e com uma inflação completamente abusiva aguarda o próximo governante, seja ele chavista ou não. Já o rock nacional perde um de seus principais representantes da atualidade sem possibilidade de uma sucessão. Chorão tinha um estilo singular de compor e cantar mesmo sem muito recurso vocal para isso. E embora fosse o rei de apologias a drogas e sexo, não abria mão de tocar a alma com canções de acalanto ou criticar políticos com melodias rebeldes. Quem diria que um trecho de sua obra ilustraria tão bem o futuro de um país que depois da perda de seu líder parece ainda não saber como seguir.
Buscando um novo rumo que faça sentido nesse mundo louco, com o coração partido.” 

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