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sábado, 30 de março de 2013

O DESCASO DA SAÚDE PRIVADA.

    A matéria desta semana fala sobre um assunto delicado, mas que de tão surpreendente é até difícil acreditar, afinal de contas, os hospitais particulares deveriam ser referências em atendimento, triagem e diagnóstico, haja vista suas estruturas e investimentos. Mas não foi o que presenciei em minhas últimas passagens por estes locais. Fosse por necessidade pessoal ou mesmo de pessoas do meu convívio, encontrei situações similares e nada condizentes com a proposta que deveria ser encontrada em um lugar onde você "paga" para ser atendido.
   Para decidir escrever sobre isto, não colhi informações imaginando que um dia faria uma matéria. As coisas foram acontecendo e quando me dei conta, já tinha passado por quatro hospitais diferentes. Por isso a intenção não foi à caráter investigativo, colhendo provas e pessoas que comprovassem meus relatos. Quando percebi já tinha presenciado fatos suficientes para redigir sobre o que certamente muitos brasileiros passam diariamente nesses lugares.
    Minha percepção começou em Junho de 2012 quando de férias no Espírito Santo fui surpreendido por um mal estar de minha sobrinha afilhada de apenas sete meses de idade. Conduzido pelos meus tios a um dos hospitais particulares mais conceituados do estado, ao chegar, estranhei um fila imensa de espera. Era um começo de tarde no sábado e a emergência estava cheia. Por isso a triagem era fundamental para detectar casos prioritários. O problema foi exatamente este. Mais de duas horas para sair de uma fila de pré-diagnóstico e aguardar o atendimento médico. Resumo: cinco horas dentro do hospital.
    Chegando ao Rio de Janeiro nada mudou. Foram mais três hospitais particulares no estado e a mesma decepção. Um deles talvez seja o mais procurado de Jacarepaguá, zona oeste da cidade, e certamente o que acumula mais defeitos. Recepcionistas mal educados, triagem demorada, médicos ignorantes um ambiente inacreditável. Cansado de ir a este hospital e ficar uma média de quatro horas e meia entre triagem e liberação médica, por orientação da minha esposa fomos para um outro conceituado hospital, desta vez na zona norte da cidade, no bairro do Méier. Me perguntei meia hora depois de ter chegado porque saí do meu bairro já que encontrei "padrões" de atendimento tão parecidos. Minha esposa parecia não acreditar no que via, e eu, passando mal, só imaginava quando sairia daquele lugar. Foram quase duas horas para mais uma triagem até que descobriram que eu me encontrava no grupo dos tratamentos emergenciais, ou seja, segunda prioridade, atrás apenas dos casos chamados urgentes. Neste hospital foram cinco horas e meia até  a liberação tendo tomando apenas uma injeção na veia e um remédio via oral.
    Novamente em Jacarepaguá fui a uma das redes mais sofisticadas do estado e nem precisei literalmente de atendimento para localizar uma outra falha. Mais de meia hora entre a recepcionista pegar o meu cartão de convênio e me devolver dizendo que ali eu não poderia ser atendido.
   O que mais me impressionou vivenciando estas situações foi o descaso, a sensação de que estava pedindo socorro e não pagando por ele. Fossem crianças, mulheres ou casos emergenciais, a reação da maioria dos profissionais foi a mesma: desinteresse na pessoa humana. O que gostaria neste texto é que novas denúncias fossem feitas e que mais jornalistas pudessem mostrar isto de forma que as coisas pudessem ser melhores daqui pra frente. Afinal de contas, quem cuida do nosso bem mais valioso precisa agir com imensa responsabilidade, e não apenas como mais uma obrigação.
Fonte: http://hruy.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html
 

sábado, 23 de março de 2013

A nova brincadeira do século XXI: polícia e índio.

fonte: http://afinsophia.com/2013/01/
    A desocupação dos índios ontem (22) por volta das 11:45hs no antigo prédio do Museu do Índio no maracanã pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar, foi o suficiente para o Twitter e Facebook  tornarem-se verdadeiros pontos de debate cibernéticos. Mas antes de criticar (o que "apenas" parece ser fácil e simples) é importante tentar criar uma linha de entendimento do caso.
    É fato que o prédio conecta-se com a população indígena desde 1865, ou seja, ainda na época de Dom Pedro II, e que lá foi criada a FUNAI, antiga SPI (Serviço de Proteção ao Índio) por Marechal Rondon em 1910. Mas de nada adiantou toda a sua história. O antigo museu, também conhecido como Aldeia Maracanã, foi transferido para Botafogo (Zona Sul do Rio de Janeiro) em 1977. No entanto, o local foi ocupado por índios em 2006 quando a prefeitura já estudava a possibilidade de transformar o Casarão em espaço para eventos de grande porte. E mesmo não sendo mais aquele um estabelecimento para  fins de homenagens e moradas indígenas há vinte e nove anos, oca foi habitada. Não seria um presságio do que aconteceria sete anos depois?
    A crítica do (MPF) Ministério Público Federal, diretamente à forma desnecessária da polícia na desocupação do local, atuando após os índios abrirem o portão para a retirada de crianças e idosos, realmente é plausível. A transformação da avenida Radial Oeste em uma verdadeira praça de guerra foi um reflexo da revolta de manifestantes não apenas contra a desocupação, mas também à forma abusiva das autoridades policiais. Mais uma vez a polícia protagoniza uma notícia pela violência, exceto pelas ocupações das favelas pacificadas, mas esta talvez seja uma outra história, um outro método, ou uma outra negociação...
    O que é possível entender nessa história é que não há mocinho ou vilão. Os indígenas nossos heróis nacionais, assim como o Jeca são mais evidenciados em programas de humor do que em projetos para preservações de suas áreas. Aliás, é difícil lembrar uma época onde de fato nossos nativos receberam o devido crédito. No entanto não exitam em invadir quando necessário ou mesmo atacar, não com arco e flecha, mas a golpes de facão como fizeram com o engenheiro da Eletrobrás no Pará em 2008. Já os Policiais do Batalhão de Choque continuam sendo modelo de violência e repressão abusivas, mas embora sejam dessa forma, soa com incoerência o comportamento de manifestantes praticamente incitando pitbulls à atacar. Nossos políticos por sua vez, continuam com sua maior diversão: fazer promessas. A transferência do museu para Botafogo foi devido a alegação de que o casarão seria demolido para a construção de uma estação de metrô. Não saiu do papel. Depois o local ainda virou uma decadente feira da Cobal nos anos oitenta, até cair completamente no esquecimento. Por isso entende-se que muitas das revoltas que vemos por aí são incitadas e iniciadas principalmente pela falta de cumprimento do que se promete. Petrópolis e o estádio do Maracanã são exemplos claros disso, medidas provisórias e datas anunciadas, e pouco seguido à risca.
     Agora os índios deverão ser transferidos para Jacarepaguá (Curupaiti), onde haverão duas barracas com beliches, três contêineres, cozinha e sanitários. Lá, eles também pediram que fosse construído o Centro de Referência da Cultura Indígena, já concordado pelo estado. E assim tudo parece que vai caminhando para um final conformista, aliás como muita coisa no país. Mas não se esqueçam que ano que vem tem eleições. E todos tem que votar hein! Inclusive os índios. 
    

Fontes: 
http://oglobo.globo.com/rio/apos-manifestacoes-indios-aceitam-ficar-em-terreno-de-jacarepagua-7920038
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1250980-manifestantes-entram-em-confronto-com-policia-no-centro-do-rio.shtml
http://oglobo.globo.com/rio/museu-do-indio-funcionou-nos-arredores-do-maracana-na-zona-norte-de-1953-1977-7296844
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL488653-5598,00.html

sábado, 16 de março de 2013

Habemus Papam

Fonte: http://www.acidigital.com

    Foi difícil mas o novo Papa Chegou. E parece que diferente de Bento XVI assume agradando a gregos e troianos. Pudera... Vindo direto da Argentina, ou como ele mesmo disse "...do fim do mundo..." referindo-se a localização do país no extremo sul do continente americano, o cardeal Jorge Mario Bergoglio há algum tempo já era forte nos bastidores da igreja Católica. Mas seu jeito tímido e humilde ofuscava tanto seu nome quanto seus feitos. Agora o catolicismo entra em uma direção definitiva para dividir o "joio do trigo". 

    Primeiro Papa latino-americano e Jesuíta da história, o pontífice não apenas vive a humildade mas também sonha com uma igreja que se aproxime dessa ideia de vida: "Como eu queria uma igreja pobre, e para os pobres." Disse o novo Papa. Inspirado a escolher o nome de líder católico pelo arcebispo emérito de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, após uma frase dita pelo cardeal a ele em meio ao conclave, Bergoglio torna-se Papa Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, santo italiano que pregava o amor aos pobres e a todas as criaturas. O que o Papa talvez não tenha percebido é que outra curiosidade belíssima ocorreu nessa escolha. Sua decisão também homenageou indiretamente um outro grande personagem de sua igreja. O caso é que São Francisco de Assis teve seu nome alterado por seu pai após uma viagem de negócios pela França. Antes se chamava João, por coincidência o mesmo nome do Papa que fez de Bergoglio cardeal em 2001: João Paulo II. 
    E é bem provável que o argentino possua popularidade tão forte quanto a do polonês. Afinal de contas escolheu  como referência um santo do povo e dono de frases sublimes como:  "Onde há amor e sabedoria, não tem temor nem ignorância." ou "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível". E sua missão a partir de agora requer realmente muita sabedoria, paciência e crença em fazer do impossível, possível. Afinal de contas, abrandar um mundo mergulhado em guerras e resgatar a imagem de uma igreja que nos últimos tempos tem sido noticiada mais por casos de pedofilia e corrupção do que por suas obras, não será das funções mais fáceis. Mas o que se vê até o momento é que muitos acreditam que ele conseguirá intervir positivamente sobre esses casos, e principalmente, até agora são poucos os que duvidam disso.



Foto de 2006. O Cardeal Bergoglio, hoje Papa Francisco, lava e beija os pés de vicados em drogas na  Argentina.
Fonte: diariosp.com.br
Fontes:
http://pensador.uol.com.br/autor/sao_francisco_de_assis/
www.globo.comhttp://www.centrinho.usp.br/sfa/sf_01.html

quarta-feira, 6 de março de 2013

Duas lágrimas distintas. O Adeus a Chorão e Chávez.



Fonte: http://feraaa0001.blogspot.com.br
    Foram duas perdas de grandes proporções. E embora oriundas de segmentos diferentes da sociedade, registram um momento marcante na história. Seja ela discursada ou cantada.
    Enquanto no início dos anos noventa um militar iniciava uma tentativa mal sucedida de um golpe de estado no vizinho país venezuelano, o Brasil caminhava sua pós ditadura dando mais poder de opinião a arte musical. A repressão que nas últimas décadas era evidente dessa vez dava espaço a um som mais despreocupado com o teor das mensagens. 
    Com o tempo, um tal de Hugo Chávez começa a aparecer na mídia internacional. Dotado de um carisma pouco visto e ideias revolucionárias, ele iniciava uma alienação direta ao povo venezuelano com promessas de direitos justos e iguais; um novo socialismo. Nas terras brasileiras pouco se falava sobre o postulante a ditador. Diferentes dos de lá , os adolescentes daqui estavam vislumbrados com novas modalidades de som, e uma banda com nome de desenho animado já se inseria com força nesse contexto. O Charlie Brown Jr. contagiava pela linguagem solta e muitas vezes desbocada, mas principalmente por uma levada musical que era a cara do jovem noventista: livre.
Fonte: http://www.sajnoticias.com.br
    Acima do mapa brasileiro, a política começava a virar negócio e teatro. Chávez usava a própria constituição para dar seu golpe de estado e atraía o público cada vez mais dizendo que ele era a solução e os Estados Unidos, a terra de Satã. Já Chorão não tinha receio de cantar aos sete ventos: “Hoje eu acordei para matar o presidente” contanto que sua letra fosse do jeito que bem entendesse. Já em Caracas, o então governante venezuelano instaurava um regime preparado e articulado para que seu domínio fosse eterno. Charlie Brown por sua vez crescia junto com seus fãs e fabricavam novos admiradores a cada dia, sem pedir, simplesmente por ser Charlie Brown.
    A revolta contra Chávez alcançava fronteiras internacionais, causando tremores diplomáticos e até mesmo discussões verbais em assembleias da ONU. No universo do vocalista da banda santista as brigas eram braçais mesmo, em pleno aeroporto e envolvendo uma outra grande banda da geração noventa: Los Hermanos. E como no governo venezuelano, sua função era liderar custe o que custar e doa a quem doer. Champion, seu baixista e grande “amigo” sentiu na pele essa tese.
    E quando em um intervalo de menos de 24 horas são noticiadas as  mortes deste dois curiosos integrantes da história recente de seus segmentos (político e musical), é possível perceber que suas ideias ainda serão muito disseminadas por seus seguidores. Uma Venezuela endividada, refém de importações e com uma inflação completamente abusiva aguarda o próximo governante, seja ele chavista ou não. Já o rock nacional perde um de seus principais representantes da atualidade sem possibilidade de uma sucessão. Chorão tinha um estilo singular de compor e cantar mesmo sem muito recurso vocal para isso. E embora fosse o rei de apologias a drogas e sexo, não abria mão de tocar a alma com canções de acalanto ou criticar políticos com melodias rebeldes. Quem diria que um trecho de sua obra ilustraria tão bem o futuro de um país que depois da perda de seu líder parece ainda não saber como seguir.
Buscando um novo rumo que faça sentido nesse mundo louco, com o coração partido.”