De repente um homem de aproximadamente quarenta anos sai correndo e, em questão de segundos, desaparece pela porta da frente do shopping. Todos olharam sem entender muito o que estava acontecendo. Os funcionários de uma famosa loja nacional de conveniências saíam parecendo também não compreenderem o porque daquela pessoa ir embora de uma forma tão desesperada. O tempo e os debates improvisados foram fazendo os curiosos desconfiarem do mais provável para aquela situação: roubo. E quando quase todos já estavam praticamente convencidos de que se tratava de um ladrão, uma Senhora sai da loja acompanhando uma criança em prantos de aproximadamente dez anos. Logo começaram a concluir que as pessoas roubadas tinham sido aquela mulher e sua provável neta. No entanto havia uma diferença brutal nas conclusões daquele povo que já se amontoava próximo ao local do acontecido. As vítimas eram realmente a senhora e a criança, no entanto, não se tratava de um roubo, a criança havia sofrido uma "suposta" tentativa de estupro.
Quando sua avó surgiu gritando desesperada carregando pelas mãos aquela criança e dizendo aos sete ventos sobre o acontecido, meu pensamento foi apenas um, talvez igual ao de muitos ali: "Por que não fui atrás daquele bandido, por que..." . A Senhora contou que só percebeu após sua neta gritar: "Vó, me ajuda!". E quando notou, o desconhecido já estava por trás da garota, talvez pronto para levá-la a um local onde pudesse concretizar o crime. Ao perceber que e criança não estava sozinha e que um alarde já havia acontecido, o homem saiu desesperadamente em direção à rua. A menina chorava assustada sem entender que, provavelmente, estava prestes a se tornar mais um número para a gigante estatística de violência sexual em crianças e adolescentes no Brasil. E enquanto as pessoas comentavam assustadas sobre o ocorrido, chegam os seguranças parecendo interpretarem papéis de policiais americanos em filmes hollywoodianos: sempre atrasados. Um deles foi criticado pela avó da vítima. Manteve a calma, mas seu semblante que misturava um ar de marra e vergonha descrevia bem o erro que ele e sua equipe de colegas de profissão acabava de cometer, uma falha que poderia ser fatal e que permitiu um homem fugir sem prestar os devidos esclarecimentos de sua real intenção ao agir de forma tão suspeita com aquela menina.
Certamente a criança carregará uma lembrança negativa que jamais esquecerá. Possivelmente terá que receber ajuda psicológica para superar o susto sofrido e por um bom tempo não se sentira confortável para transitar sozinha em lugares públicos. É importante ressaltar que nada pode ser cofirmado, haja vista que o suspeito fugiu sem deixar paradeiro. Mas o alerta deve ser acionado para que situações como esta não voltem a ocorrer principalmente em locais que foram criados também para estabelecerem uma maior segurança e tranquilidade para pessoas como as personagens centrais deste acontecido.